Tanquinho
- Diretoria CRT
- 5 de mar.
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Fundado há 55 anos, o Centro Rural de Tanquinho (CRT) é a prova viva do quanto uma comunidade engajada no trabalho e em ações sociais pode mudar sua história.

O Centro Rural de Tanquinho (CRT), fundado há 55 anos, é uma belíssima experiência de engajamento da comunidade em ações sociais. O grupo, mantido com subsídio da Prefeitura e empresas próximas, oferece, de graça, saúde, educação, esporte e lazer a quase cinco mil pessoas que vivem no bairro rural e imediações.
Uma estrutura funcional que ainda cuida da zeladoria de prédios públicos e áreas verdes. Atividades que, anualmente, consomem recursos da ordem de R$ 1,2 milhão.
O CRT nasceu com o objetivo de levar qualidade de vida para os moradores do bairro rural. Assim como 16 outros núcleos criados pelo governo paulista no interior, o projeto previa a instalação de escolas, postos de saúde, salões de festa, igrejas e quadras. O objetivo era manter os moradores no campo e desestimular o êxodo rural.

Passadas mais de cinco décadas, a entidade não só se tornou modelo para o programa, como se expandiu. O grupo promove festas e eventos para fazer caixa e, sozinho, banca pelo menos 35% de suas despesas. O resto do dinheiro vem de convênios com o governo municipal e patrocínios privados. Cerca de 50 empresas participam com contribuições ocasionais.
“A situação financeira do CRT é saudável e já contamos com 95% dos recursos necessários para o custeio das atividades no ano todo”, comemora o presidente da entidade, José Albertino Bendassolli, produtor rural e professor universitário aposentado.

A história
A implantação do CRT era elaborada desde 1967, quando os próprios moradores do bairro se cotizaram para comprar 34 mil metros quadrados de terras que foram doados ao Estado. As obras de infraestrutura foram realizadas por meio de convênio com a Prefeitura, que assumiu praticamente um terço das despesas. As intervenções começaram em 1968 e não pararam mais. Hoje já são sete mil metros quadrados de área construída. Prédios estruturados, equipados, impecáveis

Hoje, a entidade tem treze funcionários contratados em regime CLT, que exercem atividades nos departamentos e fazem zeladoria. O bairro progrediu e cresce sem parar. A agricultura segue essencial, com quatro mil hectares cultivados com canade-açúcar e milho, alambique e uma grande empresa voltada à comercialização de hortaliças. Mas, hoje, o bairro também tem indústrias.
A festa famosa
A Festa do Milho Verde, em março de cada ano, é desde 1975 uma das principais fontes de recursos do CRT. A edição de 2024 levou 30 mil pessoas ao bairro rural. O evento volta em 2026 com nova estrutura e atrações inéditas. E, claro, com os quitutes consagrados. O povo se dedica, se ajuda
Regina Soares de Almeida, uma senhorinha de 83 anos, nasceu no sítio São Bento, cinco alqueires de terra tomados de cana, ali pertinho, a três quilômetros do núcleo urbano do Tanquinho.
Cresceu, se casou com o seo Antônio (que hoje tem 88 anos), teve cinco netos e um bisneto. Conheceu o CRT na fundação, e nunca deixou de participar das atividades.
Faz alongamento, frequenta o postinho de saúde, pega remédios na farmacinha. E, em troca, faz manutenção das praças e ajuda na Festa do Milho. Dez dias antes do evento, já trabalha na retirada da palha. Também desfia o frango e faz o que pode na cozinha. Sempre ao lado das amigas, todas de cabelos brancos, que encaram o trabalho como a maior diversão. "Não cobro nada pelo meu trabalho, e não pago nada para participar das atividades do CRT", diz. "É uma experiência linda, onde todos se conhecem e todos se ajudam".
Dênis Gorauskas, 49 anos, vice-diretor da EE João Alves de Almeida, mora em Piracicaba mas trabalha em Tanquinho desde 2017. Conhece todo mundo. E fica admirado com a dedicação do povo, que apara o gramado, poda árvores e faz manutenção no prédio estadual. E ele, como professor de Educação Física, durante muito tempo deu aula para a garotada no campo de futebol do CRT.
Para ele, é uma satisfação imensa ver como a população se envolve, participa, compartilha. "A gente se sente motivado a ajudar também, no que for preciso. Vida comunitária mesmo", afirma.
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